A entrevista – parte 1

Antes de chegarem os dias de minha entrevista, eu fingia que já estava tudo tranqüilo, mas para alguém que reprovou quatro vezes em uma prova prática de carro, por puro nervosismo, aquela entrevista estava realmente mexendo com meus pensamentos.
Lembro-me de por muitas vezes, sonhar com aqueles dias, ou até mesmo não conseguir dormir só de pensar como seriam aqueles minutos à frente do “entrevistador”. Todas as coisas que poderiam dar erradas, desde chegar atrasado para a entrevista, esquecer algum documento, ou até mesmo receber um “no”, “denied”. 
Mas enfim, acredito que a energia que eu tinha por realizar um sonho era mais forte, e quando cheguei em São Paulo acreditava tudo estar em ordem, e pronto. Erro meu.
Uma característica que eu tenho é que quando eu acho que alguma coisa que fiz, foi feita corretamente, eu não repenso sobre ela. Quando chego a uma decisão , eu não quero uma segunda opinião, e não discuto mais sobre o assunto.
E isso nos dias que estive em São Paulo, quase que me prejudicaram.
Tinha certeza que todos os documentos exigidos para a entrevista estavam em ordem, tudo ok. Havia ligado no Consulado e a mulher havia me falado que os documentos que eu tinha em mãos eram suficientes para fazer a entrevista. Falsa tranqüilidade.
Cheguei a São Paulo com dois dias de antecedência a entrevista, e em uma conversa com meu irmão e sua esposa, percebe-se que havia alguns detalhes que precisavam ser esclarecidos. Primeiro, a foto. Sim, eu não tinha ainda tirado a foto. Segundo, eu tinha que preencher um documento para que eu pudesse fazer a entrevista.
Sem problemas! Foto eu tiro na manhã seguinte, e o documento que era um questionário gigantesco com perguntas meio estranhas, sendo uma parte o tema “Você é um terrorista?”. Enfim, cada país com suas próprias preocupações.
Na manhã seguinte acordei cedo, e por volta das nove horas fui para a Paulista tirar foto. Não tinha noção de onde era o lugar, mas sabia que era na Paulista e chegando lá era só perguntar. Quisera, assim que sai do metrô, perguntei ao cara da banca de jornal para onde ficava o lugar e só ouvi a resposta seca, “descendo a paulista”. Agora me diz, que raios significa “descer a Paulista”? Enfim, escolhi um lado e andei, andei bastante e com o tempo seco e o solzinho bem forte da manhã o que me restou foi uma camiseta totalmente suada. E o pior, eu não tinha encontrado nenhum lugar para tirar a bendita foto “passaporte”, que até então para mim uma foto que eu tinha em minha carteira era o suficiente.
Tendo andado um tanto, e perguntado para outra pessoa onde ficava o tal lugar finalmente cheguei. Um casal de asiáticos eram donos daquela papelaria, que assim que perguntei se tiravam fotos para passaporte me responderam com um “sim”, mas um “não” no olhar. Era um não para minha camiseta, era branca. Santa ingenuidade. Fui até uma loja de roupas masculinas do lado da papelaria e comprei a camiseta. “Quero a mais barata, e que seja escura!”.
Voltei à loja com minha camiseta pólo listrada e finalmente tirei a foto.
De volta à casa de meu irmão, sentia que estava tudo tranqüilo para a entrevista, agora faltava somente dormir.
O grande dia havia chegado, e com ele o alivio… 

Boa sorte Felipão!

O que mais me deixou satisfeito ontem ao assistir o Brasil jogando foi saber que os adversários que Felipão como técnico irá enfrentar durante a preparação para a Copa das Confederações e a Copa do Mundo, serão seleções de qualidade. Dessa forma o comandante da equipe canarinha poderá ter uma noção mais realista da força de sua equipe, bem como de seus jogadores.
Poderia comentar sobre o jogo do Brasil ontem sendo apenas mais um na multidão, ou seja, falar mal do Brasil, falar mal de Neymar e Ronaldinho, ou até mesmo justificar a derrota devido à falta de entrosamento da equipe.
Ao invés disso prefiro comentar sobre essa mesma tecla que a imprensa sempre toca, e repete. Reclamar daquilo que é obvio. O Brasil jogou mal? Em tese sim. Em tese, em um país onde o futebol é pentacampeão, pensa-se ser obrigação a seleção sair de campo com a vitória.
Antes de sair com a vitória, ou até mesmo, antes de começar o jogo, a seleção ou até mesmo os torcedores, deveriam pensar que o futebol mundial mudou. E muito. Não existe mais vitória por causa do peso da camisa. Isso é respeito.
E o pior erro, que não acredito ser dos técnicos ou até mesmo jogadores, é achar que um jogador irá fazer a diferença. Caso tenham esquecido, o Brasil fez “feio” na Copa do Mundo, e o futebol vitorioso, foi o futebol coletivo de Espanha e Holanda.